Inovação

Carne de laboratório: o futuro do food service?

A cozinha do futuro está sendo moldada agora — não apenas por chefs, mas também por cientistas. Avanços recentes, como o desenvolvimento de nuggets com carne cultivada em laboratório no Japão e o primeiro peixe de cultivo celular em fase avançada no Brasil, mostram que a próxima revolução alimentar está a caminho das cozinhas profissionais.

Mais que uma inovação, a carne cultivada se posiciona como resposta estratégica a demandas globais por sustentabilidade, ética e eficiência alimentar. Grandes marcas já estão se movimentando nesse sentido — e o setor de food service precisa acompanhar.

Crescimento com propósito: investimento e inovação

No Brasil, um dos principais nomes à frente desse movimento é Marcelo Szpilman, diretor da Sustineri Piscis, projeto apoiado pela Frescatto, tradicional empresa do mercado de pescados. A iniciativa nacional aposta no desenvolvimento de peixes cultivados a partir de células, com foco em reduzir impactos ambientais e garantir qualidade padronizada e rastreável.

Na Europa, a JBS, uma das maiores empresas de proteína animal do mundo, também está investindo pesado nessa transformação. Em parceria com a espanhola BioTech Foods, cujo CEO e cofundador é Iñigo Charola, a JBS aplicou 40 milhões de euros na construção da primeira planta industrial de carne cultivada da Europa, localizada em San Sebastián, na Espanha. A previsão é que a fábrica entre em operação ainda em 2024.

Esses movimentos indicam que a carne cultivada não é mais apenas uma promessa distante — ela já faz parte das estratégias de grandes players globais, com potencial de transformação real no setor de alimentação fora do lar.

O impacto para bares e restaurantes

A introdução de proteínas cultivadas representa um novo modelo de abastecimento, com benefícios claros para operadores de food service:

  • Sustentabilidade e rastreabilidade garantidas, desde a origem celular até o prato;
  • Redução de perdas e variação de qualidade, com insumos mais estáveis;
  • Possibilidade de personalização: proteínas feitas sob demanda para cardápios específicos;
  • Atenção à nova geração de consumidores, mais preocupados com ética, saúde e meio ambiente.

Mais do que uma nova categoria de ingredientes, as carnes de laboratório oferecem novas histórias para contar, novos posicionamentos e até diferenciais competitivos para estabelecimentos atentos às tendências.

Preparando-se para o futuro

Para o food service, o desafio é começar agora a entender esse novo cenário. Os primeiros a explorarem as possibilidades da biotecnologia aplicada à alimentação terão mais chances de se destacar quando essas alternativas se tornarem amplamente disponíveis.

A presença de marcas como Frescatto e JBS entre os investidores sinaliza que o mercado está amadurecendo — e que os restaurantes também precisarão se reinventar.

A revolução da proteína já começou. O prato do futuro será mais limpo, ético, rastreável — e, cada vez mais, resultado da ciência tanto quanto da arte culinária.

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